sexta-feira, 10 de abril de 2009

A Bomba Atômica

Quando Vinicius de Moraes escreveu este poema, pensou, certamente, nas consequências de um fator que matou mil vezes mil a província, a humanidade, o planeta. O homem, em sua aparente pequenez, não percebia o mal nem mesmo o mau resultado de uma ação , que pensava ser imediata e definitiva; definitiva , foi: não se pode salvar nada .Imediata, não apenas, porque seu efeito perdurou: foi imediata e extensora. Pobre Homem, " Bicho da Terra tão pequeno", como disse Drummond.

A bomba atômica é triste
Coisa mais triste não há
Quando cai, cai sem vontade
Vem caindo devagar
Tão devagar vem caindo
Que dá tempo a um passarinho
De pousar nela e voar...
Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar.

Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar
Mas que ao matar mata tudo
Animal e vegetal
Que mata a vida da terra
E mata a vida do ar
Mas que também mata a guerra
(...)

Pomba atônita, bomba atômica
Tristeza e consolação
..............................................
Radiosa rosa radical.

( Vinicius de Moraes)

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